segunda-feira, 21 de maio de 2012

Procurador Geral Gurgel abandona a República, faz coro com os barões da imprensa e se alia à direita partidária


A raíz da Veja: árvore sem sombra e terra que não viceja. Rimou.
 Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
O Ministério Público Federal tem 27 representações no Brasil e são subordinadas à Procuradoria Geral da República (PGR). Há anos a sociedade brasileira percebe que a PGR de tradição republicana se partidarizou, aliou-se à linha de pensamento conservador e se tornou, por intermédio da imprensa burguesa e corporativa, um dos porta-vozes dos interesses das classes dominantes, das elites econômicas brasileiras, que são partes integrantes do establishment mundial, que exerce forte controle sobre os estados nacionais e o conjunto da sociedade, no que concerne à ordem política, econômica, ideológica e até mesmo cultural.
A Constituição de 1988 definiu o Ministério Público Federal como um poder da mesma importância dos demais Poderes da República, o que o tornou independente financeiramente, funcionalmente e administrativamente. Também foi assegurado ao MP zelar pela promoção e defesa das liberdades constitucionais dos cidadãos brasileiros, pelo regime democrático, que tem como base o estado democrático de direito e pela ordem jurídica. Contudo, não é o que se vê e o que se percebe. A Procuradoria Geral da República, que tem ascendência sobre as representações do Ministério Público nos estados está a ser controlada por procuradores determinados a fazer política em prol de setores conservadores da sociedade brasileira. A impressão que se tem é que certos promotores e procuradores optaram por combater governantes de perfis trabalhistas eleitos pelo povo brasileiro desde 2002.
O procurador-geral, Roberto Gurgel, tem muito poder. E tem de tê-lo para que possa exercer plenamente suas atividades como a autoridade responsável pela defesa dos interesses do povo brasileiro. Gurgel é o acusador criminal, o fiscal da lei, e, consequentemente, o defensor do povo. O procurador é inclusive o mantenedor da ordem e da paz social. Ele, por meio de suas atividades e ações, garante a segurança, os valores e o modo de vida da sociedade brasileira, conforme determina a nossa Carta Magna.

O senador Demóstenes é uma criação da imprensa que agora o ataca. Cachoeira é seu patrão e pauteiro da revista Veja.
 Todavia, o procurador é contestado por segmentos importantes da sociedade, que quer sua presença na CPMI do Cachoeira/Demóstenes, que deveria ser chamada de CPMI da Veja/Globo, empresas midiáticas que efetivaram a disseminação de “matérias” ou “reportagens” jornalísticas, que, indubitavelmente, visavam a desestabilização dos governos trabalhistas dos presidentes Lula e Dilma, além de, obviamente, ocasionarem mal-estar em camadas da sociedade que tem por referência noticiosa os meios de comunicação comerciais e privados controlados por meia dúzia de barões da imprensa que se recusam a perceber que o País mudou e mesmo assim ainda desejam um Brasil colonizado, dependente e explorado pelos países considerados desenvolvidos e que hoje enfrentam uma crise econômica, financeira e fiscal sem precedentes no mundo contemporâneo. É o inquestionável complexo de vira-lata de nossas classes dominantes, que, se pudessem, retrocederiam na história para efetivarem novamente o sistema de escravidão.

É dessa forma que se comportam setores do Judiciário, do Ministério Público e do Congresso. Entretanto, no que diz respeito ao Parlamento, compreende-se que políticos conservadores que integram partidos à direita do espectro ideológico defendam a tese de um País para poucos privilegiados. Afinal é o papel deles e para isso que eles foram eleitos, além de serem representantes legítimos de segmentos sociais sectários e nada democráticos. O que não pode jamais acontecer é que homens e mulheres que militam na Procuradoria Geral, nas representações do MP nos Estados e no Judiciário (STF, STJ e TJs) se envolvam em questões partidárias e ideológicas, pois são atores importantes nomeados e pagos pela sociedade para defendê-la daqueles cidadãos que cometem malfeitos.
         
        O procurador Roberto Gurgel tem de ser convocado para dar seu depoimento na CPMI. Deveria ser uma honra para ele explicar suas decisões quanto à Operação Vegas efetivada pela Polícia Federal em 2009 cujos autos do inquérito ficaram guardados em sua gaveta até abril deste ano, o que levou um grupo de parlamentares a visitá-lo e pedir explicações para tal conduta. Gurgel, anteriormente, recusou-se a conversar com os parlamentares, representantes do povo, e tergiversou. Não satisfeito com suas atitudes e, de forma premeditada, tentou se blindar com o Mensalão, que daqui a poucos meses vai ser julgado pelo STF. Para rebater as críticas, o procurador-geral Roberto Gurgel atacou os parlamentares, quando, na verdade, o escândalo Cachoeira/Demóstenes, que deveria se chamar Veja/Globo, é a questão discutida em pauta. O País não merece um procurador desse.

Depois a PF, na Operação Monte Carlo, abre seu leque de detalhes sobre a atuação da quadrilha do bicheiro Carlinhos Cachoeira que, ao que parece, tomou conta do Governo do Estado de Goiás, além de serem divulgadas (sempre matreiramente) pela imprensa burguesa e de negócios as gravações de Cachoeira e seus asseclas a falar e propor ações com pessoas vinculadas à imprensa (Veja) e a partidos como o DEM e o PSDB, porque não se pode, ressalto, até o momento, fazer comparações entre os governadores Agnelo Queiroz, do PT, por exemplo, com o que foi investigado pela PF, no que tange ao envolvimento do governador tucano de Goiás, Marconi Perillo, com esse esquema que se infiltrou em diferentes poderes.

O procurador-geral  Roberto Gurgel não quer falar na CPMI e muito menos dar satisfação à sociedade.
 A imprensa empresarial confunde, manipula e distorce, mas não vai adiantar tal estratégia, porque as investigações são independentes, multipartidárias e os autos dos inquéritos analisados pelos parlamentares não podem ser emendados ou modificados. E neles constam as investigações sobre Perillo e a sua voz gravada a negociar com o bicheiro Carlinhos Cachoeira que está a ser acusado inclusive de ter cometido sequestros. A mesma coisa serve para o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, do PMDB. Cabral, realmente, teve um péssimo comportamento no que se trata a ir a Paris acompanhado do dono da construtora Delta, Fernando Cavendish (apenas ele é o dono? E o Cachoeira?). Sua dancinha em frente ao Hotel Ritz foi imprudente e demonstrou a total falta de non sense de um governante de um estado importante como o Rio de Janeiro. Além disso, há algum tempo o governador fluminense tem cometido ações e atitudes que geram desconfiança da sociedade organizada. Vamos ver como tudo acaba em relação ao Cabral.

Contudo, grosso modo e sem ainda o Sérgio Cabral ter sido gravado pela PF ou coisa que o valha, nada se compara o que já foi descoberto pelas investigações sobre o tucano Marconi Perillo. A imprensa pode tergiversar e agir de má-fé intelectual e até mesmo criminosa, mas, por enquanto, a “suposta” associação ao crime e da parte de políticos como o senador Demóstenes Torres (DEM), o governador Perillo (PSDB), o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB), dentre outros deputados e autoridades de Goiás, o que sedimenta ainda mais a desconfiança de que o povo goiano está a ser governado pelo jogo do bicho com a cumplicidade de autoridades de alto escalão e com influência em termos nacionais, como é o caso do governador e senador goianos. E são esses fatos que “matam” e preocupam a imprensa (leia-se Veja, Estadão, Folha, Globo jornal e TV, Correio Braziliense e outros menos cotados que ficam na “rabeira” do Partido da Imprensa Golpista — o famigerado PIG).

Saliento que o senador Demóstenes era o arauto, o guardião, o varão da moral, da ética e dos bons costumes, a ser, inclusive, um dos principais políticos responsáveis em atender às demandas legais do Judiciário e do Ministério Público junto ao Congresso Nacional, o que, sobremaneira, conta ainda mais para sua culpabilidade, bem como para aumentar, e muito, a trapaça de imprensa e de seus barões no que é relativo à criação de um fake moral e político como o é o senador Demóstenes. A imprensa burguesa e privada (privada nos dois sentidos, tá?) luta pelo poder e apoia golpes de estado.

Vive da falsidade, do jornalismo de uma versão, da publicidade oficial, de maus faits divers e coloca em um mesmo caldeirão acontecimentos antagônicos, díspares e realidades que não se interligam (Mensalão X Cachoeira/Demóstenes), com o propósito de causar confusão na sociedade e, por conseguinte, facilitar a concretização de seus interesses econômicos e políticos, bem como defender os seus aliados, como ocorre agora. O setor midiático empresarial luta por poder político para pautar os governantes eleitos e por poder econômico para controlar os meios de produção, inclusive de outros segmentos da economia. O sistema midiático brasileiro é o principal aliado dos bancos, e apenas aos bancos esse setor não faz oposição. São a corda e a caçamba; o reflexo de si mesmos; o arco e a flecha do sistema capitalista mundial. Eles são a essência do imperialismo e do controle das riquezas das nações. A verdadeira plutocracia. Por isso e por tudo isso, o procurador-geral da República tem de ir às falas. E os barões da imprensa também. É isso aí.
  

2 comentários:

Lilibeth Amorim disse...

TEXTO MARAVILHOSO E MUITO EXPLICATIVO. É ÓTIMO VÊ-LO ESCREVER AGORA EM BLOG PRÓPRIO E SEM CENSURA!

jose carlos broell faria disse...

Davis enquanto certos cargos publicos forem por escolha politica as coisas continuaram desta maneira