quinta-feira, 28 de março de 2013

Simplicidade e paz de espírito

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 Quanto mais os anos passam mais me aproximo da minha infância e a reflito no rosto do meu querido filho, que já tem cinco anos de idade. Olho para seus olhos de uma pureza profunda e de uma luminosidade e transparência que me comovem e me fazem ter a certeza que as crianças são anjos sem asas e alicerces de nossa sobrevivência. Sem a criança na face da terra, a vida fica sem sentido e a luta de nós, adultos, torna-se inócua, pífia, sem emoção.

Um abraço e um beijo do meu filho afastam de mim todos os problemas que tenho: dívidas, trabalho cansativo e rotineiro, carência afetiva e incompreensões. É como se o tempo parasse o meu coração de poeta. É como se Deus desse uma trégua ao meu espírito atormentado e triste. É como se eu fosse feito de paz e esperança, pois, quando estou com meu filho, só sinto amor.

Meu temperamento sensível e minha personalidade forte não permitem que eu tenha paz. Não é uma questão de postura, de sociabilidade, de arrogância ou humildade. É uma questão de se encontrar com a simplicidade perante a vida e os homens. É uma questão de me encontrar com a minha infância, humilde materialmente e simples espiritualmente. Quero me encontrar, portanto, comigo mesmo.

Enquanto isso não acontece, espelho-me em meu filho, por saber que ele é simples, humilde (sem ser subserviente) e, acima de tudo, amoroso. Pedro resgata a minha infância. E, por eu conhecer o Pedro, sei que vou reaprender a ser simples de espírito, apesar de ser até hoje humilde materialmente.

Davis Sena Filho — 15/05/1996

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